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Associação Brasileira de Psiquiatria Responde ao programa Mais Você

Caros Amigos,

Não posso deixar de publicar a resposta da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) ao programa Mais Você, do dia 28 de novembro de 2011, acho que a Academia Brasileira de Neurologia deveria se posicionar também. O texto foi extraído da página da ABP no link http://abp.org.br/2011/medicos/archive/4195

Resposta ao programa Mais Você

PUBLICADO EM 29 DE NOVEMBRO DE 2011

Senhor editor,

O programa Mais Você desta segunda-feira (28/11) trouxe duas matérias e uma entrevista com o neurologista Eduardo Mutarelli. Surpreendeu-nos negativamente, assim como toda a comunidade medica que representamos, a discussão que colocou em dúvida a existência do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Tendo em vista a condução equivocada do programa, fazemos as seguintes considerações, já ratificadas por psiquiatras de todo o país:

1. O que hoje chamamos de TDAH é descrito por médicos desde o século XVIII (Alexander Crichton, em 1798), muito antes de existir qualquer tratamento medicamentoso. No inicio do século XX, um artigo científico publicado numa das mais respeitadas revistas médicas até hoje, The Lancet, escrita por George Still (1902), descreve a TDAH. Essa descrição é quase idêntica a encontrada nos atuais manuais de diagnóstico, como o DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria.

2. Os sintomas que compõem o TDAH são observados em diferentes culturas: no Brasil, nos EUA, na Índia, na China, na Nova Zelândia, no Canadá, em Israel, na Inglaterra, na África do Sul, no Irã etc.

3. O TDAH é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como transtorno mental e está listado na Classificação Internacional de Doenças (CID). E, como afirmou uma das matérias veiculadas em seu programa, segundo a OMS, 4% dos adultos e 8% das crianças e adolescentes de todo o mundo sofrem de TDAH.

4. Mais de duzentos artigos científicos já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores de TDAH. Ressalte-se que os achados mais recentes e contundentes são oriundos de centros de pesquisa como o National Institute of Mental Health dos EUA.

5. Todo e qualquer tipo de medicação, principalmente os dispensados por prescrição médica, possuem contraindicação. Entretanto, são inegáveis os benefícios levados aos pacientes que realmente necessitam dela.

Diante do exposto, façamos uma reflexão. Se fosse uma doença “inventada” ou “mera consequência da vida moderna”, seria possível o TDAH atravessar mais de um século com a descrição dos mesmos sintomas? Se o TDAH fosse apenas “um jeito diferente de ser” e não um transtorno mental, por que os portadores, segundo pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes automobilísticos? Por que eles têm maior incidência de depressão, ansiedade e dependência de drogas? Se fosse tão somente um comportamento secundário ao modo como as crianças são educadas, ou ao seu meio sociocultural, como é possível que a descrição seja praticamente a mesma em regiões tão diferentes?

O fato inquestionável, senhor editor, é que o TDAH é um dos transtornos mais bem estudados da medicina e com mais evidências científicas que a maioria dos demais transtornos mentais.

Os pacientes e seus familiares merecem mais cuidado e atenção. É lamentável que um repórter se passe por um doente mental para escrever uma matéria e, ao final de uma semana sustentada por mentiras, se coloque na posição de aconselhar a quem quer que seja.

Imagine a gravidade da situação se esses pacientes, desinformados por essa matéria, param a medicação, tenham recaídas e venham a cometer atos graves. Quem será responsabilizado?

Ficamos imaginando os promotores da infância e adolescência e os conselheiros tutelares agindo em defesa desses pacientes.

Se houve, lamentamos os diagnósticos equivocados e o excesso de medicação informados por seu programa. Por outro lado, repudiamos toda e qualquer tentativa de se denegrir a atividade desempenhada pelo psiquiatra. Maus profissionais há em todos os lugares, inclusive entre os que, em vez de informar, prestam o curioso serviço de desinformar a população brasileira.

Com o intuito de colaborar e em função da importância do assunto, gostaríamos de ter resposta equivalente ao tempo que foi dado às discussões no programa desta segunda-feira. Sabemos que essa produção se pauta pelo interesse do cidadão e não se furtará a melhor esclarecer um assunto que é importante para milhares de pacientes, de norte a sul do país. Para tanto, colocamo-nos à disposição, assim como toda a grade de associados da ABP, para levar os esclarecimentos pertinentes. Lembramos também ser necessário ouvir as associações de familiares e pacientes com TDAH e mostrar a realidade vivenciada por eles.

Aproveitamos para convidar o senhor editor e toda a equipe do Mais Você para se engajarem na luta contra o preconceito que há em relação ao doente mental e ao psiquiatra. Pensando em como acabar com o estigma que paciente e médico carregam, a Associação Brasileira de Psiquiatria lançou a campanha “A Sociedade contra o Preconceito”, no último Congresso Brasileiro de Psiquiatria, no início de novembro. A campanha ganhou a adesão das atrizes Cássia Kiss Magro e Luíza Tomé, do locutor esportivo Luciano do Valle e dos escritores Ferreira Gullar e Ruy Castro. Pessoas que entendem a perversidade que é estigmatizar o doente mental porque passaram por isso, pessoalmente ou com familiares próximos.

Contamos com a sensibilidade do senhor editor e dos colaboradores do Mais Você para contribuir com o fim do preconceito e não alimentá-lo ainda mais.

Antônio Geraldo da Silva
Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria

 

 

Mitos do TDAH – TDAH não é doença

Dr Mario Peres, médico neurologista, escreve sobre os mitos do TDAH, déficit de atenção e hiperatividade.

Mito : TDAH não é uma doença.

A percepção pública do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) está repletos de mitos, equívocos e desinformação sobre a natureza do curso e tratamento da doença. Um equívocos comum é afirmar que o TDAH não é um distúrbio, uma doença, ou é exageradamente diagnosticada. Os críticos afirmam que muitas vezes as crianças são desnecessariamente medicadas, porque os pais não têm controle adequado de seus filhos indisciplinados, desmotivados, preguiçosos, ou que estão procurando uma vantagem acadêmica (por exemplo, testes, ou acomodações em sala de aula) nas escolas. Fala-se que uma intolerância crescente de brincadeiras de infância pode estar levando a mais e mais crianças serem rotulados com TDAH.

Diz-se que o TDAH foi criado pela comunidade médica, em conjunto com os laboratórios farmacêuticos, para angariar negócios e para aumentar seus lucros. Todas as instituições de políticas públicas de países desenvolvidos como o National Institutes of Health, nos Estados Unidos, e da União Européia, e uma comunidade internacional de pesquisadores clínicos, médicos, instituições ligadas ao público leigo reconhecem o TDAH como uma doença real, com consequências graves ao longo da vida. Como todas as entidades sérias e representativas de todos os segmentos da sociedade podem estar enganados?

Vários estudos ao longo dos últimos 100 anos demonstram que o TDAH é um distúrbio crônico que tem um impacto negativo em praticamente todos os aspectos do funcionamento social, emocional, acadêmico e do trabalho. Crianças com TDAH têm maiores taxas de outros transtornos psiquiátricos, maior freqüência de internações, atendimentos de pronto socorro e custos em comparação com indivíduos sem TDAH.

As taxas de consumo e abuso de álcool, cigarro, uso da maconha e outras drogas aparecem mais frequentemente em indivíduos com TDAH Mais tarde na vida, os adultos com TDAH têm dificuldades de emprego, sofrem de depressão e transtornos de personalidade, têm mais chances de se envolverem em acidentes, têm altas taxas de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência em comparação com indivíduos sem TDAH.

Teste para TDAH no adulto ASRS

Este é um teste padronizado, chamado ASRS, um teste para adultos.

Teste para adultos com TDAH

Com o teste abaixo será possível identificar a tendência ou a possibilidade de você ter TDAH e, dependendo do resultado encontrado, motivá-lo a buscar ajuda de um profissional para um melhor diagnóstico. Importante: Este teste não pode ser usado como único instrumento de avaliação.

Instruções:

Os 24 ítens abaixo se referem à forma como se você se comportou e se sentiu durante a maior parte de sua vida adulta. Se você foi por muito tempo de um jeito e mudou recentemente, suas respostas devem refletir como você geralmente era.

1. Você tem a impressão de nunca atingir por completo seus objetivos, independentemente do quanto já alcançou?
a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

2. Acho que é difícil ler um material escrito a não ser que seja muito interessante e muito fácil.
 a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

3. Especialmente em grupos, eu acho que é difícil permanecer focado sobre o que está sendo dito em conversas.
 a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

4. Tenho um temperamento irritadiço e/ou sou pavio curto.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

5. Me irrito facilmente e aborreço-me por pequenas coisas.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

6. Digo coisas sem pensar e mais tarde lamento ter dito.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

7. Tomo decisões rápidamente, sem pensar o suficiente sobre suas possíveis consequencias.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

8. Tenho problemas no meu relacionamento com as pessoas devido à minha tendência em falar primeiro e pensar depois.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

9. Meu humor tem altos e baixos.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

10. Tenho problemas de planejamento, ou seja, em que ordem fazer as tarefas ou atividades.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

11. Eu fico aborrecido com facilidade.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

12. Tenho baixa tolerância à críticas negativas e fico facilmente chateado com isso.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

13. Eu estou quase sempre me movimentando, sou muito agitado.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

14. Estou mais confortável quando estou me movimentando, do que quando estou parado.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

15. Em conversas, começo a responder as perguntas antes mesmo das pessoas a formularem completamente.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

16. Eu costumo trabalhar em mais de um projeto ao mesmo tempo, e acabo não terminando muitos deles.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

17. Há sempre muitas coisas e/ou interferências na minha cabeça.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

18. Mesmo quando estou sentado, estou normalmente movendo as mãos ou pés.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

19. Em atividades de grupo, é difícil para eu ter que esperar minha vez.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

20. Minha mente fica tão cheia que é difícil ter um bom funcionamento.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

21. Penso em muitas coisas ao mesmo tempo.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

22. Meu cérebro se sente como se fosse um aparelho de televisão com todos os canais ligados ao mesmo tempo.

a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

23. Estou sempre “viajando” ou “sonhando acordado” e é difícil controlar.a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

24. Fico angustiado pela forma desorganizada do funcionamento do meu cérebro.a) Nunca b) Só um pouco c) Razoavelmente d) Moderadamente e) Na maioria das vezes f) Muito

Sobre o teste
Este teste indica uma tendência ou probabilidade de ter ou não TDAH, para um diagnóstico mais preciso entre em contato com um médico neurologista ou psiquiatra.
Imprima o teste, preencha voce mesmo e peça também para algum familiar preencher sobre você, leve o resultado para o seu médico.

Desenvolvido por Larry Jasper & Ivan Goldberg.

Este post foi escrito pelo Dr Mario Peres, médico neurologista, pós doutorado pela THomas Jefferson University,
para marcar consulta ligue para 3285-5726 ou 2151-0110 (hospital albert einstein)

Especialista em TDAH

Especialista em TDAH

Pacientes adultos com diagnóstico de déficit de atenção e hiperatividade (tdah, tdh, dda) ficam em dúvida em qual especialista procurar, se um psicólogo, psiquiatra, clínico, neurologista. O especialista em TDAH na minha visão pode ser o neurologista e o psiquiatra.

Sendo neurologista acho que o especialista mais adequado para tratar o TDAH no adulto é um neurologista, mas o psiquiatra poderá atender também.

A questão principal é a experiência do profissional, tanto neurologista como psiquiatra, o especialista precisa ter um interesse especial, uma ênfase na sua prática clínica ao tema do TDAH no adulto.

Para marcar uma consulta com Dr Mario Peres, médico neurologista, pós-doutorado na Filadélfia, Estados Unidos, ligue para 11 3285-5726 (jardins) ou 2151-0110 (hospital albert einstein).

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