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Distração : causas e tratamento

Dr Mario Peres, médico neurologista, escreve neste artigo sobre causas da distração e formas de tratamento.

Distração

Recebo muitas perguntas sobre distração, dispersão, falta de concentração, problemas de memória. Perguntas como: Sou muito distraída no trabalho, tem alguma solução? Não consigo focar, sou disperso, o que devo fazer? Ser muito distraído pode ser sinal de doença de Alzheimer? Distração é sempre um sinal de TDAH, déficit de atenção e hiperatividade?

Sintomas e exemplos de distração

Quando a pessoa está distraída ela esquece coisas, não lembra o que foi dito, não consegue prestar atenção, focar, concentrar, alguém fala algo e ela não registra.

A esposa de um paciente uma vez me contou que um dia seu marido saiu de manhã para comprar pão, acabou passando antes na banca, leu os jornais, comprou também uma revista, se lembrou de passar no sapateiro para ver se o sapato estava pronto, parou para ver um acidente com moto-boy, encontrou um amigo que ficou batendo papo, foi visitar a casa dele que era ali perto, voltou perto da hora do almoço para casa, e adivinha, não trouxe o pão que tinha saído para comprar! Estes e muitos outros exemplos parecidos existem.

Existe uma dificuldade no foco, em começar e terminar uma tarefa, executá-la até o fim. A distração pode ser eventual, em um momento de vida ou pode ser uma tendência da pessoa. Pode iniciar-se depois de adulto, se agravar e ser até o início de uma demência como a doença de Alzheimer.

Distração eventual

Todos nós temos a capacidade de desviar a atenção para outro foco que não o que estamos fazendo, isto é importante, pois se não percebemos algo mais importante acontecendo ao nosso redor perdemos a capacidade de adaptação, até para nos protegermos de algo que possa ser perigoso. A distração em um certo ponto, até uma certa medida é parte do funcionamento cerebral normal. As pessoas que estão vivendo um momento e percebendo-se mais distraídas podem estar passando por alguns problemas pontuais como falta, privação de sono, tristeza, desânimo ou até um quadro depressivo, pode estar passando por um momento de sobrecarga, ansiedade, preocupação excessiva, tensão.

É importante saber que o foco depende muito do prazer, da vontade, uma distração no trabalho, por exemplo, pode ser por falta de prazer em realizar as tarefas, a pessoa vai se distrair mais facilmente com coisas que lhe dão mais prazer como conversar com os colegas de trabalho, ou navegar por sites e redes sociais. No caso de uma distração pontual basta corrigir as situações de momento que o foco melhora, a atenção volta a ficar normal.

E se a distração estiver piorando progressivamente? Se os esquecimentos e dispersão estão piorando ao longo do tempo, pode ser que os fatores descritos anteriormente, problemas de sono, de humor e de ansiedade estejam se acumulando. Pode ser também a presença, o início de um quadro degenerativo.

E se a distração estiver presente desde muito tempo, e não necessariamente piorando? Neste caso pode estar presente o tdah, o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, que geralmente se inicia na infância e pode perdurar pela vida adulta. É uma tendência genética, que pode se agravar pos acontecimentos pontuais, mas que permanece mantida ao longo dos anos e décadas. O TDAH tem tratamento, então se a causa da distração for esta, o uso de medicamentos específicos são os mais indicados. Se for alguma outra causa deve ser tratado o problema de base, sono, depressão, ansiedade.

Medidas não medicamentosas podem ser recomendadas com bons resultados como relaxamentos, meditação, psicoterapias, exercícios físicos.

Para um correto diagnóstico procure um neurologista

Para marcar uma consulta ligue para 2151-0110 (hospital albert einstein) ou 3285-5726 (jardins)

Doenças que se confundem com o TDAH no adulto

Doenças que se confundem com o TDAH no adulto

Dr Mario Peres, médico neurologista escreve sobre o diagnóstico diferencial do TDAH

Conheça agora algumas doenças ou condições que podem se confundir com o TDAH no adulto, com sintomas semelhantes aos presentes no déficit de atenção/ hiperatividade, mas que constituem outros quadros.

As doenças que se parecem nos seus sintomas levam aos médicos a necessidade de fazer o chamado “diagnóstico diferencial”. O profissional da saúde vai se utilizar de dados fornecidos pelo paciente e família, de testes ou escalas preenchidas pelos pacientes e também familiares, e em alguns casos exames complementares. O diagnóstico diferencial é importante para definir também as comorbidades, ou seja, doenças que estão acontecendo juntamente com o problema principal, no nosso caso o TDAH.

Os exames subsidiários podem ajudar no diagnóstico, quando há alguma dúvida na diferenciação entre as doenças. Pode-se pedir exames de laboratório (sangue, urina), imagem (tomografias, ressonância magnética), neurofisiológicos (polissonografia, eletroencefalograma).

As doenças que se parecem com o TDAH são:

Distúrbios do sono (sonolência diurna, apneia do sono e outros)

Epilepsia

Déficit auditivo

Déficit visual

Doenças da tireóide

Anemia

Doenças do fígado

Uso de substancias (cafeína, remédios)

Menopausa

Menopausa, hormônios e TDAH no adulto

MENOPAUSA E FLUTUAÇÕES HORMONAIS no TDAH

A mulher chega perto dos 50, começa a alterar o ciclo menstrual, fica esquecida, perde coisas, não lembra mais de nada, sente calores, é o chamado climatério, fase anterior a parada completa da menstruação, a menopausa. O esquecimento, a desatenção que ocorre nesta fase pode se confundir com o TDAH. Acontece também que a mulher pode ter tido o TDAH não diagnosticado toda a sua vida, e com a exacerbação destes sintomas, o TDAH se agrava e pode ficar mais nítido o diagnóstico.

Na mulher com TDAH ocorre uma flutuação ao longo do ciclo menstrual, ela é mais organizada no meio do ciclo e se perde na fase menstrual, fica com o pensamento mais distraído, algumas mulheres se queixam mesmo do TDAH no período pré-menstrual, quando também se misturam os sintomas da síndrome disfórica pré-menstrual a chamada TPM.