Arquivo mensal: dezembro 2011

Lisdexanfetamina – Venvanse no tratamento do TDAH

Lisdexanfetamina – Venvanse no tratamento do TDAH

Dr Mario Peres, médico neurologista escreve sobre o papel da lisdexanfetamina (Venvanse) no TDAH.

Foi lançado no Brasil recentemente o medicamento Venvanse, dimesilato de lisdexanfetamina.

Já comercializado nos Estados Unidos, desde 2007, e no Canadá, desde 2009, Venvanse será comercializado no Brasil nas apresentações de 30 mg, 50 mg e 70 mg, é considerado um pró-fármaco, medicamento que é ativado após conversão dentro do próprio corpo.

O Venvanse é uma alternativa para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), tem ação até 13 horas após a ingesta, com início gradativo, oferece comodidade extra aos pacientes, pois o conteúdo das cápsulas pode ser diluído em água ou misturado em alimentos, sem comprometimento da eficácia desde que seja ingerido o conteúdo total da cápsula e consumido imediatamente.

O tratamento deve ser feito após um diagnóstico correto, por um médico neurologista ou psiquiatra, avaliando-se benefícios e prejuíjos, e também a possibilidade de tratamentos não farmacológicos como psicoterapias, meditações, regularização do sono, exercícios físicos.

Para marcar uma consulta com Dr Mario Peres, ligue para 2151-0110 (hospital Albert Einstein) ou 3285-5726 (R Joaquim Eugenio de Lima, 881)

 

Pesquisa sobre TDAH na UNIFESP

Caros Amigos,

A UNIFESP está realizando um pesquisa sobre meditação, terapia em transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, o texto abaixo explica melhor.

Obrigado,

Dr Mario Peres

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE PSICOBIOLOGIA

Pesquisa sobre Meditação e TDAH

“Procuramos pacientes com diagnóstico médico de Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) para participarem de uma Pesquisa com duração de dez semanas na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).O estudo visa investigar os efeitos da prática da meditação com atenção plena e de tratamento psicoterápico cognitivo-comportamental (TCC) sobre a atenção, o humor e a qualidade de vida. 

Os voluntários podem ser de ambos os sexos, ter idade entre 18 a 40 anos, que têm o português como primeira língua, mais de oito anos de escolaridade, e não terem experiência prévia com meditação ou TCC. Serão excluídos pacientes com transtornos neurológicos e psiquiátricos como psicose (esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, psicose por drogas), transtorno obsessivo-compulsivo ou síndrome de Tourette. 

Os pacientes deverão estar tomando doses estáveis do metilfenidato (há pelo menos um mês) para seu transtorno como prescrito por seus médicos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP/Hospital São Paulo (CEP 0548/11), e conta com o suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP): Processo 2011/08547-3. 

Os interessados devem entrar em contato com Viviane Freire Bueno – E-mail: vivianefbueno@gmail.com

Associação Brasileira de Psiquiatria Responde ao programa Mais Você

Caros Amigos,

Não posso deixar de publicar a resposta da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) ao programa Mais Você, do dia 28 de novembro de 2011, acho que a Academia Brasileira de Neurologia deveria se posicionar também. O texto foi extraído da página da ABP no link http://abp.org.br/2011/medicos/archive/4195

Resposta ao programa Mais Você

PUBLICADO EM 29 DE NOVEMBRO DE 2011

Senhor editor,

O programa Mais Você desta segunda-feira (28/11) trouxe duas matérias e uma entrevista com o neurologista Eduardo Mutarelli. Surpreendeu-nos negativamente, assim como toda a comunidade medica que representamos, a discussão que colocou em dúvida a existência do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Tendo em vista a condução equivocada do programa, fazemos as seguintes considerações, já ratificadas por psiquiatras de todo o país:

1. O que hoje chamamos de TDAH é descrito por médicos desde o século XVIII (Alexander Crichton, em 1798), muito antes de existir qualquer tratamento medicamentoso. No inicio do século XX, um artigo científico publicado numa das mais respeitadas revistas médicas até hoje, The Lancet, escrita por George Still (1902), descreve a TDAH. Essa descrição é quase idêntica a encontrada nos atuais manuais de diagnóstico, como o DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria.

2. Os sintomas que compõem o TDAH são observados em diferentes culturas: no Brasil, nos EUA, na Índia, na China, na Nova Zelândia, no Canadá, em Israel, na Inglaterra, na África do Sul, no Irã etc.

3. O TDAH é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como transtorno mental e está listado na Classificação Internacional de Doenças (CID). E, como afirmou uma das matérias veiculadas em seu programa, segundo a OMS, 4% dos adultos e 8% das crianças e adolescentes de todo o mundo sofrem de TDAH.

4. Mais de duzentos artigos científicos já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores de TDAH. Ressalte-se que os achados mais recentes e contundentes são oriundos de centros de pesquisa como o National Institute of Mental Health dos EUA.

5. Todo e qualquer tipo de medicação, principalmente os dispensados por prescrição médica, possuem contraindicação. Entretanto, são inegáveis os benefícios levados aos pacientes que realmente necessitam dela.

Diante do exposto, façamos uma reflexão. Se fosse uma doença “inventada” ou “mera consequência da vida moderna”, seria possível o TDAH atravessar mais de um século com a descrição dos mesmos sintomas? Se o TDAH fosse apenas “um jeito diferente de ser” e não um transtorno mental, por que os portadores, segundo pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes automobilísticos? Por que eles têm maior incidência de depressão, ansiedade e dependência de drogas? Se fosse tão somente um comportamento secundário ao modo como as crianças são educadas, ou ao seu meio sociocultural, como é possível que a descrição seja praticamente a mesma em regiões tão diferentes?

O fato inquestionável, senhor editor, é que o TDAH é um dos transtornos mais bem estudados da medicina e com mais evidências científicas que a maioria dos demais transtornos mentais.

Os pacientes e seus familiares merecem mais cuidado e atenção. É lamentável que um repórter se passe por um doente mental para escrever uma matéria e, ao final de uma semana sustentada por mentiras, se coloque na posição de aconselhar a quem quer que seja.

Imagine a gravidade da situação se esses pacientes, desinformados por essa matéria, param a medicação, tenham recaídas e venham a cometer atos graves. Quem será responsabilizado?

Ficamos imaginando os promotores da infância e adolescência e os conselheiros tutelares agindo em defesa desses pacientes.

Se houve, lamentamos os diagnósticos equivocados e o excesso de medicação informados por seu programa. Por outro lado, repudiamos toda e qualquer tentativa de se denegrir a atividade desempenhada pelo psiquiatra. Maus profissionais há em todos os lugares, inclusive entre os que, em vez de informar, prestam o curioso serviço de desinformar a população brasileira.

Com o intuito de colaborar e em função da importância do assunto, gostaríamos de ter resposta equivalente ao tempo que foi dado às discussões no programa desta segunda-feira. Sabemos que essa produção se pauta pelo interesse do cidadão e não se furtará a melhor esclarecer um assunto que é importante para milhares de pacientes, de norte a sul do país. Para tanto, colocamo-nos à disposição, assim como toda a grade de associados da ABP, para levar os esclarecimentos pertinentes. Lembramos também ser necessário ouvir as associações de familiares e pacientes com TDAH e mostrar a realidade vivenciada por eles.

Aproveitamos para convidar o senhor editor e toda a equipe do Mais Você para se engajarem na luta contra o preconceito que há em relação ao doente mental e ao psiquiatra. Pensando em como acabar com o estigma que paciente e médico carregam, a Associação Brasileira de Psiquiatria lançou a campanha “A Sociedade contra o Preconceito”, no último Congresso Brasileiro de Psiquiatria, no início de novembro. A campanha ganhou a adesão das atrizes Cássia Kiss Magro e Luíza Tomé, do locutor esportivo Luciano do Valle e dos escritores Ferreira Gullar e Ruy Castro. Pessoas que entendem a perversidade que é estigmatizar o doente mental porque passaram por isso, pessoalmente ou com familiares próximos.

Contamos com a sensibilidade do senhor editor e dos colaboradores do Mais Você para contribuir com o fim do preconceito e não alimentá-lo ainda mais.

Antônio Geraldo da Silva
Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria